Pages

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Uma quadrilha junina para protestar contra a máfia da ALEPA

Por Rafael Saldanha

FONTE: O Liberal

Novamente a juventude paraense usou do bom humor e da irreverência para protestar contra o escândalo de corrupção que arrasou os cofres da Assembléia Legislativa do Estado do Pará (ALEPA). Aproveitando o período festivo da quadra junina, os estudantes dançaram quadrilha em frente à sede da Assembléia, no meio da rua. Não poderia ter terminado antes do casamento de personagens que caíram na boca do povo, entre eles os ex-deputados Robgol e Juvenil e a ex-servidora Mônica Pinto. Também não poderia ter terminado sem a truculência, despreparo e alienação dos policiais militares que fazem a guarda da ALEPA, sempre a postos para reprimir os que lutam e para estender tapete vermelho e chamar de “Doutor” aqueles que roubam!  
O ato lúdico veio no momento em que o povo do Pará assiste ao inicio dos pedidos de prisão preventiva dos envolvidos. Já estão presos Sandro Nogueira Sousa Matos, ex-presidente da Comissão Permanente de Licitações, e José Rodrigues de Souza, ex-marido de Daura Irene Xavier Hage e dono da Croc Tapioca, empresa contratada pela ALEPA. Sergio Moreira Duboc também deveria estar preso, porém encontra-se foragido da justiça até agora. Todos têm pedido de habeas corpus para ser analisado pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJE). Mais pessoas serão presas quando a promotoria do Estado oferecer à Justiça denúncia criminal de fraude na folha de pagamento e nas licitações. É quase certo que Daura Hage também irá para a cadeia, pois está comprovado que ela negociava a contratação pela ALEPA de diversas empresas ligadas a parentes seus. Esses crimes na licitação ocorreram entre 2005 e 2006 na gestão do atual senador Mário Couto (PSDB). Já os crimes na folha de pagamento ocorreram com intensidade na gestão do ex-deputado Domingo Juvenil (PMDB).
Enquanto os “peixes grandes” não são presos, coube aos estudantes demonstrarem à Justiça a vontade do povo. Durante a quadrilha junina, em frente à ALEPA, sob a mirada de diversos curiosos que passavam pelo local e demonstravam total apoio e satisfação diante do que viam, encenou-se o casamento emblema da corrupção. O casal era Robgol (Eric Almeida) e Mônica Pinto (Lívia Araújo) e a celebração ficou por conta de um Juiz de Paz (José Emílio). Para encerrar a festa com dinheiro público e prender os que já deveriam estar presos preventivamente, chegou um guarda do BOPE (Filipe Santos) e levou o casal preso, não antes de declarar que eles representavam a vergonha do Pará. A alusão ao BOPE talvez sirva para lembrarmos que se no Pará a polícia é covarde, no Rio de Janeiro há bombeiros que emparedam governador e fazem valer o respeito aos que honram o trabalho.
Lamentavelmente ao fim da performance crítica, em que estudantes apresentaram uma quadrilha junina como alternativa à quadrilha criminosa que saqueou mais de R$8 milhões da ALEPA, a guarda militar comprou um confronto gratuito com os manifestantes. Ao tentar subir as escadarias do prédio, os estudantes foram surpreendidos com a violência dos cães de guarda (policiais da PM lotados no setor de segurança da ALEPA). Como é inerente à juventude não “arredar o pé” da luta, forçou-se a entrada e o que se viu foi spray de pimenta nos olhos, socos e chutes. Anderson Castro, que dançou quadrilha minutos antes, foi quem levou a piorpois além de ter sido jogado no chão por um dos guardas recebeu a queimar roupas um jato de spray de pimenta ao tentar pular a grade e entrar naquele local que é público. Uma demonstração de total desprezo aqueles que se prestam a defender os interesses da classe dominante sem a qualquer reflexão critica da sua realidade medíocre!

Nenhum comentário:

Postar um comentário